Nos "causos", histórias verdadeiras, nomes e marcas fictícios. Em PAPO SÉRIO, notícias do mundo jurídico.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Quarta, 9 horas da noite.
Estava com minha família no carnaval, no meio da rua, em frente a um palco onde rolava muito frevo.
Celular toca e Luciene, da audiência da terça seguinte fala do outro lado:
- Doutora, peguei o número do processo, anote.
- Mande por torpedo, não tenho como anotar.
- 000...
- Luciene, por favor, envie um torpedo com o número, não tenho como anotar agora.
- 1234...
- MANDE O NÚMERO VIA TORPEDO! (aos berros, até o maestro olhou para trás, estávamos no gargarejo, chamado pelos mais chiques de frontstage)
- Eu não sei mandar torpedo não.
- Ah, sabe, é do mesmo jeito de quando manda para o seu namorado. Até mais!
Desliguei sem cerimônia.
Duas horas mais tarde, ainda no mesmo local, recebo um torpedo com o número do processo.
Em seguida, outro com: "doutora, 'mim' 'esquessi' de 'diser' que meu 'eis'-marido comprou um carro 3 meses antes de 'si' casar comigo, eu tenho direito?"
Mais um: "doutora, tenho direito aos 'móvis' da casa?'
E segue: "doutora, 'cuantas' 'testemuinhais' preciso levar na 'aldiensia'?"
Bom, já aprendeu a mandar torpedo, agora só falta aprender a escrever certo.
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Terça, 10 horas da noite.
Em casa, me preparando para dormir. Celular toca insistentemente. Depois de 9 vezes, resolvo atender. A cobrar e não completa... não reconheço o número. Preocupo-me com a insistência e resolvo retornar. Um homem atende:
- Oi "dotôra", "né" nada demais não, viu?
- Quem fala, por favor?
- "Ói dotôra, que hora que é pá levá o hômi"? (frase que só entendo depois da quarta ou quinta vez)
- Como, senhor? Que homem? Quem está falando?
- "Uômi, dotôra, que a sim-ora disse que é pá levá"...
- Veja bem, eu não sei do que se trata, nem de quem se trata...
- "É uôôôôômi, dotôraaa, ôôôxi... que hora é pá levá ele lá"? (bravo!)
- Meu senhor, esse homem tem nome? E lá, é onde?
- "Óli, dotôra, eu só quero saber a hora que é pá levá uômi lá... a sim-ora tá intendeno não"?
- Não, me desculpe, mas nem sei que homem é, nem que horas ele deve ir pra que lugar...
- "Oxe, intão dexe"...
(desliga na minha cara)
Segui acreditando que foi um trote...
Segunda, 10 horas da manhã
Estava sozinha no escritório.
No meio de um raciocínio, elaborando uma petição, a campainha toca. Olho lá de cima, um rapaz que quando me vê, vai logo se identificando:
- Oi doutora, meu nome é Ari, foi Gino que me mandou.
Segura pela indicação antecipadamente comunicada, desço as escadas para abrir.
- Bom dia, doutora.
- Bom dia, Ari, em que posso ajudar?
- A loja mandou uma fatura pra eu pagar (mostra a fatura). Tá certo isso?
- Você comprou?
- Comprei.
- O produto foi esse e o valor também?
- Foi.
- Então está certo sim!
- Ah, tá, disseram que aqui a senhora resolvia isso... (pega a fatura com rispidez das minhas mão e vai embora batendo o portão)
Domingo, 5 horas da tarde.
Estávamos eu e Lídia, minha filha de 4 anos, numa festinha de aniversário de um priminho.
Celular toca, música de Lady Gaga beeem alta, que o meu outro filho, Hugo, de 8, colocou sem eu saber. Com um riso amarelo e procurando um buraco para enfiar a cabeça, atendo...
- Alô!
- Doutora Luiza?
- Pois não?
- É Claudilene, que a senhora resolveu o negócio da pensão.
- Pode falar, D. Irene (tampando o outro ouvido por conta do barulho da festa)
- É CLAUDILENE, DA PENSÃO DE KLEBSON
- Sim, diga, está tudo correndo bem? a pensão está em dia? a visitação também?
- Sim, ele tá cumprindo o que a juíza mandou direitinho, o desgraçado.
- Então, no que posso ajudar?
- Quando o menino vai pra casa dele, não come quase nada porque só gosta de tomar leite com chocau e ele não quer comprar. Eu quero que a senhora ligue pra ele mandando ele comprar a lata de chocau.
- Mande na mochila da criança.
- Não, doutora, a senhora vai mandar ele comprar, anote aí o número dele...
(ah... que pena... o sinal caiu...)
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